thumb

Recurso de Apelação: Entenda Quando e Como Utilizar

A apelação é um recurso que permite contestar sentenças de primeiro grau, visando modificar decisões que extinguem o processo, com ou sem julgamento do mérito.

Giulia Soares

20 de fevereiro de 2025

8 min de leitura

O que é o Recurso de Apelação?

O recurso de apelação é uma ferramenta processual que permite a revisão de decisões judiciais.

Ele é utilizado para contestar uma sentença proferida por um juiz de primeiro grau.

No Brasil, é um dos recursos mais frequentes, devido à sua importância em assegurar que uma decisão seja revisada por uma instância superior, garantindo a justiça e a correção de possíveis erros judiciais.

Quando é cabível o Recurso de Apelação?

Cabe apelação contra a sentença, independentemente do procedimento, seja ela definitiva (que resolve o mérito, conforme art. 487 do CPC) ou terminativa (sem resolução de mérito, conforme art. 485 do CPC).

Dessa forma, a apelação só é cabível contra decisões proferidas por juiz de 1º grau.

Há custas, bem como efeito devolutivo.

Em regra, a apelação possui efeito suspensivo, conforme o artigo 1.012 do CPC. No entanto, há exceções previstas tanto no CPC (art. 1.012, § 1º, incisos) quanto em legislações especiais, nas quais o efeito suspensivo não se aplica. São elas:

  • Sentença que homologa divisão ou demarcação;
  • Sentença que condena ao pagamento de alimentos;
  • Sentença que extingue o processo sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos à execução;
  • Sentença que decide sobre a instituição de arbitragem;
  • Sentença que confirma, concede ou revoga tutela provisória;
  • Sentença que decreta interdição;
  • Sentenças previstas na Lei de Locação, como a que decreta despejo (Lei 8.245/91, art. 58, V).

Nesses casos, a parte interessada pode pleitear o cumprimento provisório após a publicação da sentença (CPC, art. 1.012, § 2º), e o apelante pode pedir o efeito suspensivo diretamente ao tribunal (§ 3º).

Decisão errada pode ser corrigida. Apelação bem fundamentada faz a diferença. Conte com a Lawdeck!

Como interpor um Recurso de Apelação?

Interpor um recurso de apelação envolve alguns passos fundamentais:

I - Petição ao Juízo de Primeiro Grau: O recurso deve ser interposto através de uma petição ao juiz que proferiu a sentença.

II - Conteúdo da Petição:

  • Incluir os nomes e a qualificação das partes;
  • Expor o fato e o direito que fundamentam o recurso;
  • Apresentar as razões para a reforma ou decretação de nulidade da sentença;
  • Solicitar uma nova decisão judicial.

A apelação interposta em 1º grau (juízo a quo) deve ser apresentada em petição que contenha (CPC, art. 1.010) a qualificação das partes, exposição dos fatos e do direito, as razões para reforma ou nulidade da decisão e o pedido de nova decisão.

Após a interposição, o juiz intimará o apelado para apresentar suas contrarrazões, e, caso haja apelação adesiva, também intimará o apelante (CPC, art. 1.010, §§ 1º e 2º).

Não há juízo de admissibilidade, e o juiz remeterá o processo ao tribunal, sem indicar os efeitos da apelação ou deixar de conhecê-la.

Análise do Recurso de Apelação

Após a interposição, o recurso de apelação é analisado por um tribunal, que é a instância superior responsável.

O tribunal julgará o recurso com base nos pontos destacados na apelação, sem reabrir todo o processo original.

Em algumas situações, o recurso de apelação pode ter efeito suspensivo, especialmente quando há risco de dano irreparável ou de difícil reparação.

Em regra, ao receber a apelação, o juiz não pode reconsiderar a sentença. No entanto, há exceções:

I - Quando se trata de indeferimento da petição inicial por vício processual grave, que impediria até mesmo sua emenda (CPC, art. 331);

II - Nos casos de extinção sem resolução de mérito (CPC, art. 485, § 7º); e

III - Em casos de improcedência liminar, quando houver jurisprudência pacífica contrária ao pedido do autor (CPC, art. 332, § 3º).

Nessas situações, o juiz pode reconsiderar a sentença, determinando a citação do réu e o prosseguimento da ação.

Caso não o faça, os autos serão remetidos ao Tribunal.

Se o réu ainda não tiver sido citado (sempre nos casos I e II e, eventualmente, no caso III), a citação deverá ocorrer antes do envio ao Tribunal, para que ele apresente contrarrazões (CPC, arts. 331, § 1º e 332, § 4º).

Uma vez no Tribunal, a apelação será distribuída a um relator, responsável pela análise do recurso.

Essa distribuição ocorre de forma imediata (CPC, art. 1.011), garantindo a definição do relator desde o início (CF, art. 93, XV).

Se houver vício processual ou jurisprudência consolidada sobre a matéria (CPC, art. 932), o relator poderá decidir monocraticamente, seja para não conhecer do recurso, seja para conhecê-lo e decidir sobre o mérito.

Caso contrário, ele elaborará um relatório e um voto para julgamento pelo colegiado (CPC, art. 1.011).

Quando o recurso estiver pronto para julgamento, o relator encaminhará os autos à secretaria do tribunal.

O presidente do órgão julgador designará a data da sessão, devendo a pauta ser publicada no Diário Oficial com, no mínimo, 5 dias de antecedência (CPC, arts. 934 e 935).

No dia da sessão de julgamento, a ordem dos trabalhos seguirá o previsto no art. 937 do CPC, sendo composta pelos seguintes atos:

  • Leitura do relatório pelo relator;
  • Sustentação oral dos advogados, quando cabível, em recursos como apelação. A sustentação pode ser feita por videoconferência (§ 4º). Por outro lado, não é permitida no agravo interno, embargos de declaração e em parte dos agravos de instrumento;
  • Leitura do voto do relator;
  • Voto dos demais magistrados.

Se algum dos magistrados necessitar de mais tempo para análise, poderá pedir vista do processo, suspendendo o julgamento para estudo mais aprofundado.

O prazo para devolução dos autos é de 10 dias, prorrogáveis por mais 10 dias (§ 1º do art. 940 do CPC).

Caso o prazo expire sem devolução, o presidente do órgão julgador requisitará o processo para inclusão na próxima sessão (§ 2º).

Se o magistrado que pediu vista ainda não estiver apto a votar, será convocado um substituto para proferir o voto.

Caso haja voto vencido, ele será necessariamente declarado e integrará o acórdão para fins de prequestionamento (art. 941, § 3º, do CPC).

Além disso, mesmo sem embargos infringentes, poderá ser aplicado o julgamento estendido (art. 942 do CPC).

O tribunal analisará a matéria impugnada pela parte no recurso, conforme o efeito devolutivo da apelação (art. 1.013 do CPC).

No entanto, poderá examinar outras questões discutidas no processo, mesmo que não tenham sido decididas na sentença, desde que estejam relacionadas ao capítulo impugnado (art. 1.013, § 1º, do CPC).

Se o processo estiver em condições de julgamento imediato, o tribunal deverá decidir o mérito nos casos previstos no art. 1.013, §§ 3º e 4º, do CPC.

A questão que se coloca é se essa previsão violaria o princípio do duplo grau de jurisdição.

No entanto, a jurisprudência entende que não há violação, considerando que:

  • É cabível recurso contra essa decisão; e
  • O princípio do duplo grau pode ser relativizado em determinadas circunstâncias, sem comprometer as garantias processuais das partes.

Vantagens do Recurso de Apelação

Utilizar o recurso de apelação oferece diversas vantagens, como:

  • Revisão de decisões: Permite que decisões questionáveis sejam reavaliadas por uma instância superior;
  • Segurança jurídica: Proporciona mais segurança ao garantir que erros judiciais possam ser corrigidos;
  • Direito de defesa: Assegura o direito de defesa, permitindo que todas as partes tenham suas razões devidamente apreciadas.

Importância de plataformas de Inteligência Artificial para advogados

No contexto atual, plataformas de inteligência artificial para advogados, como a Lawdeck, têm se tornado uma ferramenta valiosa.

Elas auxiliam na preparação e na gestão de recursos de apelação, aumentando a eficiência e a precisão na elaboração de documentos jurídicos.

O uso dessas tecnologias permite uma abordagem mais estratégica e informada em processos judiciais.

A Lawdeck é um exemplo de como a tecnologia pode ser aliada dos profissionais do direito, oferecendo insights e otimização de processos, o que é crucial na elaboração de um recurso de apelação eficaz.

Considerações finais

O recurso de apelação é uma peça fundamental no sistema jurídico brasileiro, assegurando que decisões possam ser revisadas e corrigidas quando necessário.

Compreender quando e como utilizar esse recurso é essencial para qualquer advogado ou parte envolvida em um processo.

Além disso, aproveitar as vantagens oferecidas por plataformas de inteligência artificial, como a Lawdeck, pode fazer a diferença na qualidade e no sucesso dos recursos interpostos.

Ao entender o funcionamento e a aplicabilidade do recurso de apelação, é possível garantir um processo mais justo e eficiente, reafirmando a importância do direito de defesa e da integridade do sistema judiciário.

O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.

Giulia Soares

OAB/SP 471.425

Advogada. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista. Especialista em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

© 2024 Lawdeck. Todos os direitos reservados