thumb

Prisão Domiciliar: Como Funciona e Quem Tem Direito

A prisão domiciliar é uma medida restritiva de liberdade que permite ao investigado, réu ou condenado cumprir a pena em casa, fora do presídio.

Giulia Soares

08 de maio de 2025

5 min de leitura

O que é prisão domiciliar?

A prisão domiciliar é uma forma de restrição de liberdade que autoriza o investigado, réu ou condenado a cumprir a medida em sua própria residência, em vez de permanecer em unidade prisional.

Sua previsão legal está no Código de Processo Penal (CPP) e na Lei de Execução Penal (LEP), sendo aplicável em hipóteses específicas.

É importante destacar que a prisão domiciliar pode ser concedida tanto na fase processual (como substituição à prisão preventiva), quanto na fase de execução da pena (em substituição ao regime aberto).

Requisitos legais para concessão da prisão domiciliar

Os principais dispositivos legais que regulamentam a prisão domiciliar são os artigos 317 e 318 do Código de Processo Penal e o artigo 117 da Lei de Execução Penal. Veja os principais requisitos:

Código de Processo Penal (art. 318)

A prisão domiciliar pode substituir a prisão preventiva nos seguintes casos:

  • Maior de 80 anos;
  • Portador de doença grave;
  • Responsável por criança menor de 6 anos ou pessoa com deficiência;
  • Gestante;
  • Mulher com filho de até 12 anos incompletos;
  • Homem, se for o único responsável por filho de até 12 anos incompletos.

Lei de Execução Penal (art. 117)

Durante a execução da pena, é possível a prisão domiciliar para condenados em regime aberto nas seguintes hipóteses:

  • Maiores de 70 anos;
  • Pessoas com doença grave;
  • Mulheres gestantes ou com filhos menores ou deficientes.

Importante: O preenchimento dos requisitos legais não assegura a concessão automática. A decisão depende da análise do juiz, considerando o caso concreto.

chat-gpt

Crie peças em segundos com IA

Busque jurisprudência atualizada e aumente seu faturamento com a melhor IA para advogados do Brasil.

Como funciona a prisão domiciliar na prática?

De acordo com o art. 317 do CPP, a prisão domiciliar impõe o recolhimento do indivíduo em sua residência, sendo vedada a saída sem autorização judicial. O juiz pode impor condições adicionais, como:

  • Proibição de contato com determinadas pessoas;
  • Restrição de horários (recolhimento noturno ou integral);
  • Proibição de frequentar determinados locais.

Duração da prisão domiciliar

A duração da prisão domiciliar depende da fase processual e da finalidade da medida:

  • Durante o processo: enquanto persistirem os fundamentos da prisão preventiva.
  • Na execução penal: enquanto durar o regime aberto ou até que cesse a condição que justifique a medida (ex.: doença, maternidade).

Prisão domiciliar x Regime aberto: diferenças relevantes

Embora ambas as medidas ocorram fora do sistema prisional, são juridicamente distintas:

AspectoPrisão DomiciliarRegime Aberto
Local de cumprimentoResidência do apenadoCasa do albergado (ou excepcionalmente, em casa)
Saídas diáriasApenas com autorização judicialPermitidas para trabalho ou estudo
Fase de aplicaçãoCautelar ou execução penalApenas na execução da pena

Monitoramento eletrônico e prisão domiciliar

A aplicação de tornozeleira eletrônica é comum na prisão domiciliar, especialmente para garantir a efetividade da medida. O monitoramento eletrônico registra:

  • Deslocamentos não autorizados;
  • Quebra de perímetro;
  • Descumprimento de horários.

A imposição do monitoramento deve ser expressamente determinada na decisão judicial.

Uso de celular e eletrônicos

Via de regra, o uso de celular e equipamentos eletrônicos é permitido na prisão domiciliar, salvo decisão em sentido contrário. Em casos que envolvam crimes digitais, pode haver proibição expressa do uso desses dispositivos.

Quando a prisão domiciliar pode ser revogada?

A prisão domiciliar pode ser revogada a qualquer momento em caso de:

  • Descumprimento de condições impostas;
  • Saídas não autorizadas da residência;
  • Violação do monitoramento eletrônico;
  • Reincidência ou prática de novo crime.

A revogação pode implicar a decretação ou restabelecimento da prisão preventiva ou o retorno ao regime prisional anterior.

Jurisprudência atual sobre prisão domiciliar

A jurisprudência brasileira reconhece que a prisão domiciliar pode ter impactos relevantes na execução penal. Veja alguns entendimentos recentes:

  • STJ: A violação das condições impostas leva à revogação imediata da medida.
  • TJDFT: É possível aplicar detração penal ao tempo de prisão domiciliar quando houver restrições efetivas à liberdade.

Plataformas como a Lawdeck são excelentes aliadas para identificar decisões recentes e relevantes sobre prisão domiciliar, com base em filtros por tribunal, período ou tipo de decisão.

Estratégia do advogado: como fundamentar o pedido

Para obter a prisão domiciliar, o advogado deve:

  1. Identificar a base legal aplicável (CPP ou LEP);
  2. Comprovar documentalmente os requisitos (idade, doença, maternidade etc.);
  3. Fundamentar o pedido com base em princípios constitucionais, como dignidade da pessoa humana e proteção à infância;
  4. Incluir jurisprudência atualizada para reforçar a tese jurídica;
  5. Utilizar ferramentas de IA, como a Lawdeck, para otimizar a elaboração da petição e a busca por decisões favoráveis.

Considerações finais

A prisão domiciliar é uma ferramenta relevante na defesa penal e na execução da pena, especialmente em casos que envolvem vulnerabilidade, saúde e proteção familiar.

O advogado que domina os critérios legais, as diferenças em relação ao regime aberto e as tendências jurisprudenciais tem melhores condições de atuar de forma estratégica.

O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.

Giulia Soares

OAB/SP 471.425

Advogada. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista. Especialista em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).