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Modelo de Pedido de Liberdade Provisória

Encontre aqui um modelo de pedido de liberdade provisória, ideal para advogados que buscam garantir o direito de seus clientes de responderem ao processo em liberdade, com base na legislação vigente.

Giulia Soares

17 de junho de 2025

11 min de leitura

Pedido de liberdade provisória: modelo

O caso apresentado neste documento é inteiramente fictício, criado apenas para fins ilustrativos e educacionais. Quaisquer semelhanças com nomes, pessoas, locais ou situações reais são meramente coincidentes.

AO JUÍZO DA [NÚMERO E VARA] CRIMINAL DA COMARCA DE [CIDADE] - ESTADO DE [ESTADO].

[REQUERENTE], [NACIONALIDADE], [ESTADO CIVIL], [PROFISSÃO], portador do RG nº [NÚMERO DO RG], inscrito no CPF sob o nº [NÚMERO DO CPF], residente e domiciliado na [ENDEREÇO COMPLETO], vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado devidamente constituído, requerer a concessão de

LIBERDADE PROVISÓRIA

nos termos do artigo 310, III, do Código de Processo Penal (CPP), pelos fatos e fundamentos que passa a expor.

I - DOS FATOS

No caso em tela, trata-se de um indivíduo que foi detido em flagrante delito ao tentar subtrair mercadorias de um supermercado, cujo valor totaliza R$ 300,00. A prisão foi efetivada por seguranças do estabelecimento, que posteriormente acionaram a autoridade policial competente. Importa ressaltar que o acusado não estava armado, tampouco fez uso de violência ou grave ameaça durante a tentativa de subtração, além do fato de que todos os bens foram prontamente restituídos ao estabelecimento comercial.

Ao ser conduzido à delegacia, foi lavrado o auto de prisão em flagrante. No entanto, a autoridade policial, contrariamente ao que dispõe o artigo 322 do Código de Processo Penal, optou por não conceder liberdade ao detido, ignorando a possibilidade de arbitramento de fiança. Subsequentemente, a prisão em flagrante foi submetida ao crivo do juiz competente, que a converteu em prisão preventiva. Esta decisão judicial fundamentou-se, de maneira genérica, na gravidade abstrata do delito de furto, sem a apresentação de elementos concretos ou individuais que justificassem a aplicação de tal medida extrema.

É imperativo destacar que o acusado é tecnicamente primário, possuindo residência fixa, emprego formal e antecedentes pautados no respeito às normas e ao ordenamento jurídico. Estas condições objetivas e subjetivas são fatores que militam a favor da concessão de liberdade provisória, conforme preconizam os princípios da presunção de inocência e da proporcionalidade.

O comportamento do acusado, que voluntariamente desistiu da empreitada criminosa sem o emprego de qualquer forma de violência, reforça a inadequação e desnecessidade da manutenção de sua prisão preventiva. Não se vislumbra, portanto, qualquer risco concreto à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal que justifique o encarceramento preventivo, conforme exige o artigo 312 do Código de Processo Penal.

A ausência de fundamentação idônea na decisão que decretou a prisão preventiva fere frontalmente os princípios constitucionais da ampla defesa e do devido processo legal. Além disso, o entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a prisão cautelar não pode se basear exclusivamente na gravidade abstrata do delito, mas sim em dados concretos que legitimem a sua necessidade.

Diante deste contexto, evidencia-se a inoportunidade e a desproporcionalidade da medida extrema de privação de liberdade. Assim, faz-se necessária a propositura de ação judicial visando à concessão de liberdade provisória ao acusado, com ou sem fiança, tendo em vista os princípios constitucionais e a falta de fundamentos concretos que justifiquem a manutenção da custódia cautelar.

II - DO DIREITO

Ilegalidade da Prisão Preventiva e Condições Favoráveis do Requerente

A manutenção da privação da liberdade do Requerente, determinada pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, configura manifesta ilegalidade. Essa medida afronta princípios constitucionais basilares e normas infraconstitucionais que protegem a liberdade individual.

A decisão de manter a custódia cautelar, embasada na gravidade abstrata do delito de furto, desconsidera elementos cruciais que fundamentam a necessidade de sua libertação. O Requerente é tecnicamente primário, possui vínculo comprovado com o distrito da culpa, consubstanciado em residência fixa e emprego formal, e não há qualquer indício de que, em liberdade, representará ameaça à ordem pública, à instrução criminal, ou à aplicação da lei penal.

A omissão da autoridade policial em arbitrar fiança, mesmo diante de um delito de furto de pequeno valor (R$ 300,00) e da ausência de violência ou grave ameaça, representa um descumprimento do mandamento imperativo do artigo 322 do Código de Processo Penal.

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.

Essa omissão causou prejuízo irreparável ao Requerente, que se viu injustamente privado de sua liberdade, impedido de exercer seu direito de defesa em liberdade e de usufruir de sua presunção de inocência. A não concessão de fiança, nessas circunstâncias, representa uma restrição indevida ao direito fundamental à liberdade.

A decisão judicial que converteu a prisão em flagrante em preventiva, ao invés de sopesar as circunstâncias concretas do caso e as condições pessoais favoráveis do Requerente, perpetuou a ilegalidade inicial. A gravidade abstrata do delito, desacompanhada de elementos concretos que justifiquem a necessidade da prisão preventiva, não se presta a legitimar a privação da liberdade, consoante entendimento amplamente majoritário da doutrina e da jurisprudência pátrias.

O fato de o Requerente ter voluntariamente desistido da empreitada criminosa, sem o emprego de qualquer forma de violência, demonstra sua intenção de não lesar o patrimônio alheio e revela a ausência de periculosidade, afastando qualquer risco à ordem pública. A manutenção da prisão preventiva, neste contexto, configura punição antecipada e desmedida, em flagrante descompasso com o princípio da proporcionalidade, que exige que a medida cautelar seja adequada, necessária e proporcional ao bem jurídico tutelado.

Violação da Fundamentação e Presunção de Inocência

A ausência de fundamentação idônea na decisão que decretou a prisão preventiva viola o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, que exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. A fundamentação genérica, que se limita a invocar a gravidade abstrata do delito, sem analisar as particularidades do caso concreto e as condições pessoais do Requerente, não se mostra suficiente para justificar a restrição de sua liberdade, causando-lhe dano irreparável.

A manutenção da prisão preventiva, nas circunstâncias narradas, impede o Requerente de exercer seu direito ao trabalho, privando-o de auferir renda para o sustento próprio e de sua família, causando-lhe grave prejuízo financeiro e moral. Além disso, a prisão cautelar estigmatiza o Requerente perante a sociedade, prejudicando suas relações sociais e profissionais, e dificultando sua ressocialização.

A aplicação do princípio da presunção de inocência, insculpido no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, impõe a revogação da prisão preventiva e a concessão de liberdade provisória ao Requerente, com ou sem fiança, pois não há qualquer elemento concreto que justifique a manutenção da custódia cautelar.

Complementarmente, o artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal, reforça o direito à liberdade provisória quando a lei a admite.

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

A liberdade é a regra, e a prisão preventiva, a exceção, devendo ser aplicada apenas em casos extremos, quando demonstrada a sua imprescindibilidade para a garantia da ordem pública, da instrução criminal ou da aplicação da lei penal.

A jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores orienta no sentido de que a prisão preventiva não pode se basear exclusivamente na gravidade abstrata do delito, mas sim em dados concretos que legitimem a sua necessidade. A ausência de tais dados, no caso em tela, impõe a concessão da liberdade provisória ao Requerente, como medida de justiça. Os requisitos para a prisão preventiva estão previstos no artigo 312 do CPP, e nenhum deles se encontra presente no caso em questão.

O artigo 321 do CPP também corrobora para a necessidade da liberdade provisória:

Art. 321.  Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Diante do exposto, requer-se a imediata revogação da prisão preventiva e a concessão de liberdade provisória ao Requerente, com ou sem fiança, por ser medida de justiça e direito, restabelecendo a sua liberdade individual e garantindo o respeito aos princípios constitucionais da presunção de inocência, da proporcionalidade e do devido processo legal. A manutenção da prisão preventiva, em face dos fatos e fundamentos aqui expostos, representa uma afronta à dignidade da pessoa humana e um grave prejuízo ao Requerente.

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III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Que seja revogada a prisão preventiva do Requerente, concedendo-lhe liberdade provisória, com ou sem fiança, nos termos do artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal, considerando a ausência de elementos concretos que justifiquem a manutenção da custódia cautelar;

b) Caso Vossa Excelência entenda imprescindível, que sejam aplicadas medidas cautelares diversas da prisão, nos termos do artigo 319 do Código de Processo Penal, em substituição à segregação cautelar;

c) Que seja expedido, com a máxima urgência, o competente alvará de soltura em favor do Requerente, com cumprimento imediato pela autoridade responsável pela sua custódia;

d) Que seja intimado o Ministério Público para, querendo, manifestar-se sobre o pedido de liberdade provisória;

e) Considerando o caráter urgente da matéria, que seja apreciado o presente pedido em caráter prioritário;

f) Que seja oportunizada ao Requerente a assinatura do termo de compromisso de comparecimento a todos os atos do processo e manutenção do endereço atualizado.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.

Nestes termos, pede deferimento.

[Cidade], [Data]

[NOME DO ADVOGADO]

[Nº OAB]

Pedido de liberdade provisória: entenda quando e como solicitar

O pedido de liberdade provisória é uma medida jurídica que permite ao acusado responder ao processo penal em liberdade, antes do julgamento definitivo.

Mesmo após uma prisão em flagrante ou preventiva, é possível que o juiz conceda a soltura, desde que estejam ausentes os requisitos que justificariam a detenção.

O que é liberdade provisória?

A liberdade provisória é o direito de permanecer em liberdade durante a tramitação do processo, mesmo quando a prisão ocorreu de forma legal.

Ela pode ser concedida com ou sem fiança, dependendo da gravidade do caso, dos antecedentes do acusado e da existência (ou não) de risco ao andamento da ação penal.

Quando cabe o pedido de liberdade provisória?

O pedido de liberdade provisória pode ser feito nas seguintes situações:

  • Após prisão em flagrante, quando o juiz entende que não há necessidade de manter o acusado preso;
  • Durante a prisão preventiva, se os motivos que a justificaram deixarem de existir;
  • Diante de prisões ilegais ou abusivas, como forma alternativa ao relaxamento de prisão.

Como fazer o pedido de liberdade provisória?

A defesa deve apresentar uma petição fundamentada, assinada por advogado ou defensor público, demonstrando que o acusado possui residência fixa, ocupação lícita, bons antecedentes e que sua liberdade não representa risco à ordem pública ou à instrução criminal.

O juiz pode negar o pedido?

Sim. O juiz analisará os argumentos e documentos apresentados. Se entender que a liberdade pode comprometer a apuração dos fatos, a segurança da sociedade ou a aplicação da lei penal, poderá manter a prisão.

Considerações finais

O pedido de liberdade provisória é uma importante ferramenta de proteção aos direitos do acusado. Com uma defesa técnica bem estruturada, é possível garantir que a prisão não seja mantida de forma desnecessária ou desproporcional.

O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.

Giulia Soares

OAB/SP 471.425

Advogada. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista. Especialista em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).