
Participação Final nos Aquestos: Entenda Como Funciona
A participação final nos aquestos é um regime híbrido que une aspectos da separação total e da comunhão parcial: cada cônjuge administra seus bens de forma independente durante o casamento.

Giulia Soares
15 de maio de 2025
4 min de leitura

Giulia Soares
15 de maio de 2025
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Participação final nos aquestos: O que advogados precisam saber sobre esse regime de bens
A participação final nos aquestos é um regime de bens previsto no Código Civil brasileiro, mas ainda pouco adotado em comparação aos regimes mais tradicionais, como a comunhão parcial ou a separação total de bens.
No entanto, sua complexidade e particularidades exigem atenção especial dos advogados, especialmente na atuação em casos de divórcio, inventário ou planejamento patrimonial.
Neste artigo, abordamos os principais aspectos desse regime, seus efeitos jurídicos e práticos, além de estratégias para melhor orientar seus clientes.
O que é a participação final nos aquestos?
A participação final nos aquestos é um regime híbrido que combina características da separação total de bens com as da comunhão parcial.
Durante o casamento, cada cônjuge administra livremente seus próprios bens, que permanecem sob sua titularidade.
Contudo, ao final da sociedade conjugal — por divórcio, morte ou anulação do casamento — procede-se à partilha dos bens adquiridos onerosamente durante o matrimônio, os chamados “aquestos”.
Ou seja, o cônjuge tem direito à meação sobre os aquestos, mas mantém a exclusividade sobre seus bens particulares.
Fundamentos legais
Esse regime está regulamentado pelos artigos 1.672 a 1.686 do Código Civil.
Em especial, destaca-se o art. 1.672, que define a lógica da participação nos aquestos como sendo uma comunhão diferida: não há comunhão de bens durante o casamento, mas há partilha ao seu término.
Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
Para sua adoção, é obrigatória a lavratura de pacto antenupcial por escritura pública.
Como funciona a partilha?
No momento da dissolução do casamento, os bens são divididos da seguinte forma:
- Cada cônjuge conserva seus bens particulares, inclusive os adquiridos antes do casamento;
- Os bens adquiridos onerosamente durante a constância do casamento são partilhados em igualdade;
- Bens recebidos por herança ou doação não se comunicam, mesmo que adquiridos na constância da união;
- Dívidas relacionadas a bens particulares permanecem de responsabilidade individual.
A apuração dos aquestos pode demandar perícia contábil, o que torna o processo mais técnico e demorado.
Vantagens e desvantagens para o cliente
I - Vantagens:
- Preserva a autonomia patrimonial dos cônjuges durante o casamento;
- Permite uma partilha justa apenas sobre o patrimônio construído em conjunto;
- Protege o patrimônio individual de dívidas ou riscos contraídos pelo outro cônjuge.
II - Desvantagens:
- Exige controle rigoroso e documentação detalhada dos bens;
- Pode gerar litígios mais complexos em caso de divórcio;
- Pouco conhecido e compreendido, inclusive entre operadores do Direito.
Quando recomendar esse regime aos seus clientes?
A participação final nos aquestos pode ser uma excelente opção para casais que desejam autonomia patrimonial, mas que também reconhecem a importância de dividir os frutos do esforço comum ao longo da vida conjugal.
Advogados devem recomendar esse regime especialmente em:
- Casamentos em que há desequilíbrio patrimonial pré-existente entre os cônjuges;
- Uniões em que ambos desejam manter independência financeira;
- Situações em que há preocupação com heranças, empresas familiares ou proteção patrimonial.
Conclusão
Apesar de sua baixa adesão prática, a participação final nos aquestos oferece uma solução equilibrada entre liberdade patrimonial e justiça na partilha.
Para advogados, dominar os detalhes desse regime é essencial, tanto para orientar corretamente seus clientes quanto para atuar de forma estratégica em processos judiciais envolvendo esse tipo de partilha.
Compreender as nuances do regime, sua base legal e as implicações práticas pode fazer toda a diferença na proteção do patrimônio e na condução de uma dissolução conjugal mais justa e eficiente.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
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