
Como Funciona a Outorga Uxória no Casamento
A outorga uxória é a autorização que um cônjuge deve dar ao outro para realizar atos que envolvam bens imóveis, doações, fianças ou ônus reais, protegendo o patrimônio familiar.

Giulia Soares
23 de setembro de 2025
4 min de leitura

Giulia Soares
23 de setembro de 2025
4 min de leitura
Compartilhe
Outorga uxória: o que é e quando é necessária
A outorga uxória, também chamada de vênia conjugal, é a autorização que um cônjuge concede ao outro para a realização de certos negócios jurídicos que envolvam o patrimônio familiar.
Não se trata de um requisito para todos os atos, mas apenas para aqueles expressamente exigidos por lei, como a alienação de imóveis, prestação de fiança, doação de bens e constituição de ônus sobre propriedades.
Neste artigo, você entenderá a legislação aplicável, a diferença entre casamento e união estável, as exceções à exigência da outorga e como proceder em caso de negativa do cônjuge.
O que é outorga uxória
A outorga uxória é o consentimento necessário de um cônjuge para que o outro realize atos que possam afetar o patrimônio comum ou individual de forma relevante.
O objetivo principal é proteger os bens familiares de negócios que possam gerar prejuízos a um dos cônjuges ou à família.
Base legal: artigos 1.647 e 1.648 do Código Civil.
Quando a outorga uxória é obrigatória
A legislação exige a outorga uxória nos seguintes casos:
- Alienação ou gravame de bens imóveis;
- Prestação de fiança ou aval;
- Doação de bens comuns, não remuneratória;
- Contratos que constituam ou modifiquem direitos reais sobre imóveis.
Sem o consentimento, o ato pode ser anulado ou ratificado judicialmente, dependendo do caso concreto.
Outorga uxória e união estável
Embora a união estável seja reconhecida com igualdade jurídica ao casamento (CF, art. 226, §3º), a exigência de outorga uxória não se aplica automaticamente.
O STJ já decidiu que, em contratos de fiança realizados por companheiros em união estável, a outorga uxória não é necessária, desde que o negócio beneficie a família.
Contudo, quando houver registro em cartório ou contrato formal de convivência, a autorização do outro parceiro é recomendada para segurança jurídica.
Exceções à obrigatoriedade
A outorga uxória não é exigida:
- No regime de separação absoluta de bens (convencional);
- Quando o negócio beneficiar comprovadamente a família;
- Para empresários individuais, nos imóveis pertencentes ao patrimônio da empresa (art. 978, CC).
Além disso, o CPC, em seu art. 73, §3º, prevê a exigência da outorga uxória para ações sobre direitos reais imobiliários, inclusive para união estável.
Negativa do cônjuge e suprimento judicial
Se um cônjuge se recusar a conceder a outorga uxória sem justificativa, a lei permite recorrer ao suprimento judicial (art. 1.648, CC).
O juiz avalia os argumentos de ambas as partes e decide se autoriza o ato, garantindo segurança ao negócio e evitando prejuízos patrimoniais.
Dicas práticas para advogados
- Sempre verifique o regime de bens do casal antes de celebrar negócios jurídicos;
- Em casos de união estável, solicite declaração formal sobre a relação;
- Para operações imobiliárias, obtenha a outorga uxória ou documentação que comprove dispensa, evitando nulidade do ato;
- Conheça a jurisprudência mais recente do STJ sobre o tema;
- Em caso de negativa injustificada, avalie a ação de suprimento judicial.
Considerações finais
A outorga uxória é essencial para proteger o patrimônio familiar e assegurar a validade de determinados atos jurídicos.
Ela é obrigatória em casos de compra e venda de imóveis, doação, constituição de ônus e prestação de fiança, mas existem exceções importantes, como a separação absoluta de bens, benefício familiar ou união estável sem registro formal.
Para advogados e operadores do direito, compreender a outorga uxória e suas nuances é fundamental para evitar riscos e garantir a segurança jurídica do cliente. Em situações de negativa, o suprimento judicial é o recurso adequado.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
Artigos recomendados

Como Criar uma Petição com IA Agora Mesmo
Descubra como elaborar uma petição em minutos com o auxílio da inteligência artificial no guia completo da Lawdeck.

Giulia Soares
07 de fevereiro de 2025
5 min de leitura

O Que Significa Conclusos Para Despacho?
"Conclusos para despacho" é uma expressão jurídica que significa que o processo está aguardando a análise do juiz, que irá emitir uma decisão sobre o caso.

Giulia Soares
23 de dezembro de 2024
6 min de leitura

As 10 Melhores Plataformas Jurídicas em 2024
Com o avanço da inteligência artificial, novas plataformas surgiram para facilitar tarefas jurídicas. Identificamos as mais promissoras para 2024, após pesquisa detalhada.

Aline Monteiro
28 de março de 2024
23 min de leitura