
Mandado de Injunção: O Que É e Para Que Serve
O mandado de injunção é um remédio constitucional usado quando a falta de norma regulamentadora impede o exercício de direitos previstos na Constituição.

Giulia Soares
19 de agosto de 2025
5 min de leitura

Giulia Soares
19 de agosto de 2025
5 min de leitura
Compartilhe
Mandado de Injunção: conceito, cabimento e efeitos da decisão
O mandado de injunção é um dos chamados remédios constitucionais, ao lado do habeas corpus, habeas data e mandado de segurança.
Criado pela Constituição de 1988, ele tem como finalidade garantir a efetividade de direitos constitucionais quando a ausência de norma regulamentadora impede seu pleno exercício.
Neste artigo, explicamos em detalhes o que é o mandado de injunção, quando pode ser utilizado, quem pode impetrá-lo e quais são os efeitos da decisão judicial.
O que é o mandado de injunção?
O mandado de injunção (MI) está previsto no art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, que determina:
conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Em termos práticos, trata-se de uma ação constitucional utilizada para suprir a omissão normativa do Poder Público, garantindo que direitos previstos na Constituição, mas dependentes de lei para serem exercidos, possam ser aplicados de forma concreta.
Quando cabe o mandado de injunção?
O cabimento do mandado de injunção ocorre sempre que:
- existir um direito previsto na Constituição Federal;
- esse direito for de eficácia limitada, ou seja, dependa de regulamentação;
- houver omissão total ou parcial do Poder Público em editar a norma necessária.
Exemplo clássico é o direito de greve dos servidores públicos, que por muitos anos ficou sem regulamentação legislativa.
Nesse caso, o STF utilizou o mandado de injunção para determinar a aplicação, por analogia, da Lei de Greve da iniciativa privada.
Quem pode impetrar o MI individual?
Qualquer pessoa física ou jurídica que seja titular do direito constitucional inviabilizado pela falta de norma regulamentadora.
Quem pode ser o polo passivo?
Sempre uma autoridade pública, responsável por editar a norma ausente. Não cabe mandado de injunção contra particulares, já que apenas o Poder Público tem a competência de regulamentar direitos constitucionais.
Mandado de injunção coletivo
A Lei nº 13.300/2016, que regulamentou o mandado de injunção, também previu a modalidade coletiva, que pode ser proposta pelos seguintes legitimados (art. 12):
- Ministério Público;
- Partido político com representação no Congresso Nacional;
- Organização sindical, entidade de classe ou associação com pelo menos 1 ano de funcionamento;
- Defensoria Pública.
A legitimação ativa, portanto, é semelhante à do mandado de segurança coletivo, acrescida do Ministério Público e da Defensoria Pública.
Natureza jurídica e requisitos formais
O mandado de injunção possui natureza civil e exige a assistência de advogado para sua propositura.
Além disso, não é uma ação gratuita – estão sujeitos ao recolhimento das custas processuais, salvo se a parte for beneficiária da justiça gratuita.
Omissão total e omissão parcial
O mandado de injunção pode ser cabível tanto na hipótese de omissão total, quando não há qualquer norma regulamentadora, quanto na hipótese de omissão parcial, quando a norma editada é insuficiente para garantir o pleno exercício do direito.
Efeitos da decisão no mandado de injunção
Um dos pontos mais relevantes do mandado de injunção é o alcance da decisão judicial. Ao longo da história, diferentes teorias foram aplicadas pelo STF:
- Teoria não concretista: o Judiciário apenas reconhecia a omissão e comunicava ao Poder competente.
- Teoria concretista individual: garantia o exercício do direito apenas ao impetrante.
- Teoria concretista geral: assegurava o direito a todos os que estivessem na mesma situação (eficácia erga omnes).
Atualmente, após a edição da Lei nº 13.300/2016, prevalece a teoria concretista intermediária, pela qual o Judiciário reconhece a omissão e fixa um prazo para que o órgão competente a supra.
Se o prazo não for cumprido, estabelece as condições para que o direito seja exercido.
Exemplo prático: direito de greve dos servidores públicos
No julgamento dos Mandados de Injunção nº 670, 708 e 712, o STF reconheceu a ausência de norma regulamentadora do direito de greve no serviço público (art. 37, VII, da CF).
Na decisão, determinou a aplicação, por analogia, da Lei nº 7.783/1989 (Lei de Greve da iniciativa privada), estendendo seus efeitos a todo o funcionalismo público.
Esse caso consolidou a aplicação da teoria concretista geral, garantindo eficácia erga omnes ao mandado de injunção.
Conclusão
O mandado de injunção é uma ferramenta essencial para assegurar a efetividade da Constituição Federal, impedindo que a inércia legislativa ou administrativa inviabilize o exercício de direitos fundamentais.
Graças a esse remédio constitucional, cidadãos e entidades podem recorrer ao Judiciário para suprir a falta de norma regulamentadora, garantindo a concretização de direitos constitucionais de forma individual ou coletiva.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
Artigos recomendados

Como Criar uma Petição com IA Agora Mesmo
Descubra como elaborar uma petição em minutos com o auxílio da inteligência artificial no guia completo da Lawdeck.

Giulia Soares
07 de fevereiro de 2025
5 min de leitura

O Que Significa Conclusos Para Despacho?
"Conclusos para despacho" é uma expressão jurídica que significa que o processo está aguardando a análise do juiz, que irá emitir uma decisão sobre o caso.

Giulia Soares
23 de dezembro de 2024
6 min de leitura

As 10 Melhores Plataformas Jurídicas em 2024
Com o avanço da inteligência artificial, novas plataformas surgiram para facilitar tarefas jurídicas. Identificamos as mais promissoras para 2024, após pesquisa detalhada.

Aline Monteiro
28 de março de 2024
23 min de leitura