
Lei 9.099/95: Entenda os Procedimentos dos Juizados Especiais
A Lei 9.099/95, de 26 de setembro de 1995, criou os Juizados Especiais para julgar causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo.

Giulia Soares
07 de maio de 2025
4 min de leitura

Giulia Soares
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O que é a Lei 9.099/95?
Promulgada em 26 de setembro de 1995, a lei 9.099/95 instituiu os Juizados Especiais no âmbito estadual, com competência para processar e julgar causas de menor complexidade na esfera cível e infrações penais de menor potencial ofensivo na esfera criminal.
A proposta central é garantir maior efetividade ao princípio constitucional do acesso à justiça, por meio de ritos mais simples, decisões mais rápidas e estímulo à autocomposição.
Competência dos Juizados Especiais segundo a Lei 9.099/95
I - Juizado Especial Cível (JEC): No âmbito cível, a competência é determinada pelo valor da causa e pela simplicidade da demanda. De acordo com a Lei 9.099/95, o Juizado Especial Cível julga:
- Causas cujo valor não ultrapasse 40 salários mínimos;
- Ações possessórias sobre bens imóveis de até 40 salários mínimos;
- Ações de cobrança, reparação de danos, obrigações de fazer ou não fazer, entre outras causas simples.
Atenção: para causas de até 20 salários mínimos, a presença de advogado não é obrigatória. Acima desse valor, o patrocínio por advogado torna-se exigido.
II - Juizado Especial Criminal (JECRIM): No campo penal, o Juizado Especial Criminal atua em infrações de menor potencial ofensivo, ou seja, crimes com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa.
A Lei 9.099/95 prevê mecanismos de justiça consensual, como:
- Composição civil dos danos – possível acordo entre vítima e autor do fato para reparação;
- Transação penal – proposta do Ministério Público para aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, evitando o processo.
Procedimentos nos Juizados Especiais
I - No Juizado Cível: O procedimento no Juizado Cível segue rito sumaríssimo, com etapas bem definidas:
- Petição inicial simplificada: pode ser redigida sem formalidades excessivas;
- Audiência de conciliação: busca o acordo entre as partes;
- Audiência de instrução e julgamento: caso não haja conciliação;
- Sentença oral: proferida ao final da audiência.
Os recursos cabíveis incluem o recurso inominado, que deve ser interposto no prazo de 10 dias, com possibilidade de sustentação oral.
II - No Juizado Criminal: Após o recebimento do termo circunstanciado, é marcada audiência preliminar para tentativa de composição civil dos danos ou transação penal. Não havendo acordo, o processo segue com denúncia oral e posterior instrução.
A sentença pode ser impugnada por recurso inominado, a ser julgada por turma recursal composta por três juízes de primeiro grau.
Limitações e exceções da Lei 9.099/95
Apesar da sua amplitude, a Lei 9.099/95 impõe importantes limitações:
- Não se aplica a causas que envolvam interesses da Fazenda Pública;
- É vedada a tramitação de ações de natureza alimentar, falimentar, fiscal, previdenciária ou trabalhista;
- Casos de violência doméstica e familiar contra a mulher estão expressamente excluídos da aplicação da Lei 9.099/95, conforme entendimento consolidado pela Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).
Vantagens estratégicas para o advogado
Para advogados que atuam na base da pirâmide do Judiciário, dominar a Lei 9.099/95 é essencial. Os Juizados Especiais são campo fértil para:
- Atuar em alto volume de causas com tramitação rápida;
- Reduzir custos processuais para os clientes;
- Explorar oportunidades de acordo desde o início do processo;
- Construir experiência com sustentação oral em grau recursal.
Além disso, o conhecimento profundo da Lei 9.099/95 permite identificar quando o rito dos Juizados não é o mais adequado, redirecionando o caso para o procedimento comum.
Conclusão
A Lei 9.099/95 consolidou os Juizados Especiais como um instrumento de democratização da justiça, reduzindo entraves processuais e aproximando o Judiciário do cidadão.
Para o advogado, representa tanto um desafio quanto uma oportunidade: conhecer seus dispositivos, limites e estratégias pode fazer toda a diferença na prática forense.
Seja na atuação cível ou criminal, o domínio da Lei 9.099/95 é um diferencial competitivo para o profissional que deseja entregar soluções ágeis e eficazes aos seus clientes.
Tire suas dúvidas sobre a Lei 9.099/95 com a ajuda do Assistente Jurídico da Lawdeck.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
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