
Entenda o Direito Potestativo
Direito potestativo é aquele que o titular pode exercer sozinho, sem exigir ação ou consentimento de outra parte.

Giulia Soares
26 de agosto de 2025
5 min de leitura

Giulia Soares
26 de agosto de 2025
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Direito potestativo: entenda o conceito e exemplos práticos
O direito potestativo é um instituto fundamental no Direito, mas muitas vezes gera confusão entre advogados e estudantes.
Diferente do direito subjetivo, o direito potestativo permite ao titular exercê-lo de forma independente, sem exigir uma contraprestação da outra parte.
Neste artigo, vamos explicar o conceito de direito potestativo, diferenciá-lo do direito subjetivo, apresentar exemplos práticos em diferentes áreas do Direito e discutir sua relação com prescrição e decadência.
O que é direito potestativo?
O direito potestativo é aquele que pode ser exercido exclusivamente pela vontade do titular, sem necessidade de colaboração de outra parte, a qual fica sujeita aos efeitos desse exercício, sem poder contestá-lo.
Quando necessário recorrer ao Judiciário para assegurar esse direito, a sentença será declaratória ou constitutiva, reconhecendo ou estabelecendo uma situação jurídica.
Ao contrário do direito subjetivo, o direito potestativo não requer que outra parte cumpra uma obrigação para que seja exercido.
Diferença entre direito potestativo e direito subjetivo
Enquanto o direito potestativo é exercido de maneira unilateral, o direito subjetivo envolve uma obrigação do outro lado, seja de dar, fazer ou não fazer algo.
Por exemplo:
- Direito subjetivo: um credor que cobra judicialmente o pagamento de uma dívida. O devedor tem a obrigação de cumprir a prestação.
- Direito potestativo: um sócio decide se retirar de uma sociedade empresária, independentemente da concordância dos demais sócios.
A essência da diferença está no grau de dependência em relação ao outro: o direito subjetivo exige atuação do outro, o potestativo não.
Exemplos de direito potestativo na prática
Confira alguns exemplos de como o direito potestativo se aplica na prática do Direito:
Direito potestativo no direito de família
O divórcio consensual é um exemplo clássico de direito potestativo: basta que um dos cônjuges manifeste a vontade de dissolver o casamento.
A outra parte não pode impedir o divórcio, ainda que questões como guarda e alimentos sejam discutidas posteriormente.
Direito potestativo no Direito Empresarial
No âmbito empresarial, o direito de retirada de sócio é potestativo. O artigo 1.029 do Código Civil prevê que um sócio pode se retirar da sociedade mediante notificação ou judicialmente, sem que os demais possam impedir o exercício do direito.
Direito potestativo no Direito do Consumidor
O consumidor tem direitos potestativos, como exigir substituição de produto com defeito, restituição do valor pago ou abatimento proporcional, conforme previsto no Código de Defesa do Consumidor, Art. 18, §1º.
O fornecedor não pode se opor a essas escolhas legais do consumidor.
Direito potestativo no Direito Processual
O artigo 998 do CPC prevê que o recorrente pode desistir do recurso a qualquer momento sem a anuência do recorrido.
Diferentemente, a desistência de uma ação após contestação exige consentimento da outra parte, caracterizando um direito subjetivo.
Condição simplesmente potestativa x condição puramente potestativa
No contexto contratual, é importante entender as condições ligadas ao direito potestativo:
- Condição simplesmente potestativa: depende parcialmente da vontade de uma das partes, mas envolve um elemento externo. Ex.: “Doarei R$ 50 mil se meu filho concluir o curso de graduação este ano.”
- Condição puramente potestativa: depende exclusivamente da vontade de uma parte, sem qualquer elemento externo. Ex.: cláusula que permite reajuste de aluguel a critério exclusivo do locador. Esse tipo de condição é vedado pelo Código Civil (Art. 122).
Direito Potestativo, prescrição e decadência
- Prescrição: perda do direito de ação referente a um direito subjetivo material.
- Decadência: perda do próprio direito potestativo pelo não exercício dentro do prazo legal.
Exemplo: o direito de alteração de prenome, previsto na Lei de Registros Públicos, é potestativo. Caso não seja exercido dentro do prazo legal, sofre decadência.
Direito potestativo incondicionado
O direito potestativo é considerado incondicionado quando seu exercício independe de qualquer prova ou condição, dispensando o contraditório judicial.
Um exemplo clássico é o divórcio consensual, cuja única exigência é a manifestação de vontade de um dos cônjuges.
Conclusão
O direito potestativo é uma ferramenta poderosa na prática jurídica, permitindo ao titular exercer determinados direitos de forma autônoma.
Compreender suas diferenças em relação ao direito subjetivo, identificar exemplos em diversas áreas do Direito e conhecer suas implicações em prescrição e decadência são habilidades essenciais para advogados.
Em resumo: dominar o direito potestativo ajuda a proteger interesses de clientes e agir estrategicamente, tanto em contratos quanto em litígios.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
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