
Anistia e Seus Efeitos Jurídicos
A anistia é um perdão concedido pelo Congresso Nacional que extingue a punibilidade de determinados crimes, com efeitos retroativos, alcançando processos em andamento ou condenações já transitadas em julgado, sem afetar as consequências civis da sentença.

Giulia Soares
22 de agosto de 2025
4 min de leitura

Giulia Soares
22 de agosto de 2025
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O que é anistia?
A anistia é uma forma de “perdão” concedido pelo Congresso Nacional. Diferentemente do indulto ou da graça, ela não se dirige a uma pessoa específica, mas sim a um fato determinado, alcançando todos que a ele se relacionam.
Entre suas principais características, destacam-se:
- Natureza coletiva: incide sobre fatos, e não sobre indivíduos.
- Efeitos retroativos (ex tunc): alcança situações passadas, como se o crime nunca tivesse ocorrido.
- Extinção dos efeitos penais: elimina a punição criminal, mas não atinge os efeitos civis da condenação (como a obrigação de reparar danos).
Assim, quando aplicada, ela elimina tanto a pena quanto as consequências secundárias do crime, como perda de direitos políticos ou inelegibilidade.
A Lei nº 6.683/1979, conhecida como Lei da Anistia, foi sancionada durante o governo do general João Figueiredo, último presidente do regime militar.
Quais são os efeitos da anistia?
A concessão da anistia gera consequências diretas na esfera jurídica dos beneficiados. Entre os principais efeitos, destacam-se:
- Extinção da punibilidade: o crime deixa de gerar responsabilização penal.
- Cancelamento de condenações anteriores.
- Arquivamento de processos em andamento.
- Restauração de direitos políticos e civis.
- Reintegração ao serviço público, quando aplicável.
Em suma, a anistia não apenas encerra a punição, mas também apaga os efeitos jurídicos do crime, como se ele não tivesse existido.
Anistia e a extinção da punibilidade
Um dos efeitos mais importantes da anistia é que ela gera a extinção da punibilidade. Isso significa que o Estado perde o direito de punir aquele fato que foi alcançado pela anistia.
Nos termos do artigo 107, II, do Código Penal, a anistia é causa de extinção da punibilidade:
>Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
[…]
II - pela anistia, graça ou indulto;
Assim, mesmo que já exista processo em andamento ou até mesmo condenação, a anistia faz com que a sanção penal deixe de ser exigida.
Em outras palavras, o crime continua existindo no mundo jurídico, mas a possibilidade de aplicar a pena é eliminada.
Crimes que não podem ser anistiados
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu limites claros à aplicação da anistia. Segundo o artigo 5º, inciso XLIII, não podem ser objeto de anistia:
- Crimes hediondos
- Tráfico ilícito de entorpecentes
- Prática de tortura
- Terrorismo
Esses crimes, pela sua gravidade e por ferirem direitos humanos fundamentais, são considerados inafiançáveis e insuscetíveis de anistia e graça.
Diferença entre anistia e perdão judicial
Apesar de ambos extinguirem a punibilidade, existem diferenças relevantes entre os institutos:
- Anistia: é coletiva, concedida por meio de lei, e apaga completamente os efeitos do crime.
- Perdão judicial: é individual, decidido pelo juiz, extingue apenas a pena, mas mantém o registro do crime.
Portanto, enquanto a anistia faz desaparecer o delito no aspecto jurídico, o perdão judicial apenas desobriga o réu de cumprir a pena imposta.
A anistia pode ser revogada?
Uma vez concedida, a anistia não pode ser revogada, pois isso violaria o princípio da segurança jurídica previsto na Constituição.
O que pode ocorrer é a criação de novas legislações restringindo futuras hipóteses de anistia, mas aquelas já concedidas permanecem válidas e eficazes.
Conclusão
A anistia é um instrumento jurídico complexo, que pode representar tanto avanços democráticos quanto controvérsias sobre impunidade.
No Brasil, a Lei da Anistia de 1979 desempenhou papel fundamental no processo de redemocratização, mas até hoje é alvo de debates.
Para profissionais do Direito, compreender os limites, efeitos e controvérsias da anistia é essencial para interpretar corretamente seu impacto jurídico e social.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
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