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Absolvição: Entenda o Conceito e as Implicações

Absolvição é a decisão judicial que declara um réu inocente, encerrando a ação penal e impedindo qualquer punição pelo crime imputado.

Giulia Soares

06 de outubro de 2025

5 min de leitura

Absolvição: entenda o que é, como funciona e seus efeitos legais

A absolvição é uma decisão judicial essencial no sistema penal brasileiro, pois garante que apenas pessoas realmente culpadas sejam condenadas.

Ela consiste na declaração de inocência de um réu, encerrando a ação penal e impedindo que ele sofra qualquer punição pelo crime que lhe foi imputado.

Neste artigo, vamos explicar o conceito de absolvição, os fundamentos legais, as hipóteses de aplicação, tipos de absolvição e suas consequências jurídicas, inclusive civis.

O que é absolvição no Direito Brasileiro?

No Brasil, a absolvição ocorre quando um réu é declarado inocente por um juiz ou pelo júri.

Diferentemente do arquivamento, que interrompe o processo antes do julgamento, a absolvição acontece após análise do mérito, quando se conclui que não existem elementos suficientes para comprovar a culpa do acusado.

Em outras palavras, a absolvição não significa necessariamente que o réu é inocente de forma absoluta, mas sim que não foi possível comprovar sua participação no crime dentro daquele processo.

Principais motivos que podem levar à absolvição

A absolvição pode ocorrer por diferentes razões, incluindo:

  1. Falta de provas: quando o Ministério Público não apresenta elementos suficientes para comprovar a culpa do réu;
  2. Inexistência do fato: quando se comprova que o fato imputado ao réu não ocorreu;
  3. Excludentes de ilicitude: situações que tornam a conduta lícita, como legítima defesa ou estrito cumprimento do dever legal;
  4. Excludentes de culpabilidade: quando o agente não pode ser responsabilizado penalmente, como nos casos de inimputabilidade por doença mental;
  5. Dúvida fundada sobre a existência do crime: aplicação do princípio in dubio pro reo, que garante que, em caso de dúvida, o réu seja absolvido.
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Fundamentos legais da absolvição

O Código de Processo Penal, em seu artigo 386, estabelece as hipóteses em que o juiz pode absolver o réu:

  • Estar provada a inexistência do fato;
  • Não haver prova da existência do fato;
  • O fato não constituir infração penal;
  • O réu não ter concorrido para a infração;
  • Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena;
  • Fundada dúvida sobre a existência do fato;
  • Não existir prova suficiente para a condenação.

Além disso, o parágrafo único do artigo 386 prevê que, mesmo na absolvição, o juiz pode impor medidas de segurança quando o agente for considerado perigoso, como internação ou tratamento ambulatorial, em casos de inimputabilidade.

Tipos de absolvição no sistema penal

No direito brasileiro, é possível identificar diferentes modalidades de absolvição:

  • Absolvição própria: o réu é declarado inocente sem imposição de medidas adicionais;
  • Absolvição imprópria: o réu é absolvido, mas há aplicação de medida de segurança devido à inimputabilidade;
  • Absolvição sumária: ocorre quando o juiz encerra o processo antes da instrução completa, constatando que não há elementos para condenação;
  • Absolvição por clemência do júri: decisão do júri popular considerando aspectos subjetivos, mesmo diante de provas não totalmente conclusivas.

Diferença entre absolvição e arquivamento de processo

É comum confundir absolvição com arquivamento:

  • Absolvição: decisão após julgamento que declara o réu inocente;
  • Arquivamento: interrupção do processo antes do julgamento, geralmente por falta de provas ou prescrição do delito.

Enquanto a absolvição protege a liberdade e a reputação do réu, o arquivamento apenas suspende o processo.

Consequências da absolvição

A absolvição impacta não apenas o processo penal, mas também aspectos civis e sociais da vida do réu:

I - Efeitos penais

  • Liberdade preservada: o réu não é preso nem cumpre pena;
  • Sem registro criminal: a absolvição impede que conste condenação em seu histórico criminal.

II - Efeitos civis

  • Responsabilidade civil: a absolvição criminal não extingue automaticamente a responsabilidade civil, mas pode influenciar decisões em processos civis correlatos;
  • Precedente: a decisão pode servir como referência em casos futuros, ainda que não seja vinculante;
  • Indenização por erro judiciário: em casos comprovados de erro judicial, o Estado pode ser obrigado a indenizar o réu pelos danos sofridos.

III - Reabilitação social e profissional

A absolvição facilita a reintegração social e profissional do indivíduo, ajudando a restaurar sua reputação e a participação ativa na sociedade.

Conclusão

A absolvição é um instrumento essencial para o equilíbrio do sistema penal, garantindo que somente réus realmente culpados sejam condenados.

Com base no artigo 386 do Código de Processo Penal e nos princípios constitucionais de presunção de inocência e devido processo legal, a absolvição protege os direitos fundamentais do cidadão e reforça a justiça no país.

Advogados e estudantes de direito devem compreender as hipóteses, tipos e efeitos da absolvição, a fim de assegurar a defesa adequada do réu e orientar corretamente os clientes quanto às consequências de um processo criminal.

O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.

Giulia Soares

OAB/SP 471.425

Advogada. Bacharel em Direito pela Universidade Paulista. Especialista em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).