
Abandono de Incapaz: Entenda o Crime do Art. 133 do CP
O abandono de incapaz, previsto no art. 133 do Código Penal, ocorre quando alguém responsável por cuidado, guarda, vigilância ou autoridade deixa pessoa vulnerável sem proteção, expondo-a a risco.

Giulia Soares
18 de setembro de 2025
4 min de leitura

Giulia Soares
18 de setembro de 2025
4 min de leitura
Compartilhe
Abandono de incapaz: entenda o crime previsto no Código Penal
O abandono de incapaz é um crime previsto no artigo 133 do Código Penal Brasileiro, que protege pessoas em situação de vulnerabilidade.
A infração ocorre quando alguém que possui dever de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade sobre outra pessoa a deixa sem assistência, colocando-a em risco concreto.
Esse delito é considerado grave e pode ser punido com pena de reclusão, variando conforme a gravidade do resultado.
A seguir, explicamos os principais pontos relacionados ao crime, suas formas qualificadas, majoradas e exemplos práticos para melhor compreensão.
Quem pode cometer o crime de abandono de incapaz?
Trata-se de um crime próprio, ou seja, somente pode ser praticado por quem tenha responsabilidade direta sobre a vítima. O Código Penal descreve quatro relações jurídicas que configuram essa obrigação:
- Cuidado: assistência eventual, como no caso de uma babá;
- Guarda: relação duradoura, como entre pais e filhos;
- Vigilância: acompanhamento acautelador, como um professor de natação com seus alunos;
- Autoridade: decorrente de vínculo hierárquico, como um comandante em relação a seus subordinados.
Quando o crime se consuma?
A consumação ocorre no momento em que a vítima é efetivamente abandonada e passa a existir um perigo concreto decorrente dessa conduta.
A doutrina admite a possibilidade de tentativa, caso o abandono não se concretize totalmente.
Forma simples e penas previstas
De acordo com o artigo 133 do Código Penal, abandonar pessoa que está sob cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e que não pode se defender dos riscos do abandono, configura o crime de abandono de incapaz.
Pena prevista: reclusão de 2 a 5 anos.
Formas qualificadas do abandono de incapaz
A lei prevê penas mais severas caso do abandono resultem consequências graves:
- Lesão corporal grave (§ 1º): reclusão de 3 a 7 anos.
- Morte da vítima (§ 2º): reclusão de 8 a 14 anos.
É importante observar que, nesses casos, o resultado deve ser culposo.
Se houver dolo direto de causar lesão grave ou morte, o agente responderá por lesão corporal ou homicídio, conforme a situação.
Hipóteses de aumento de pena (forma majorada)
O Código Penal ainda prevê circunstâncias que aumentam a pena em até um terço (§ 3º), quando:
- O abandono ocorre em lugar ermo;
- O agente é ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
- A vítima é idosa (maior de 60 anos).
Forma culposa é possível?
Não existe previsão de abandono de incapaz culposo no ordenamento jurídico.
Assim, a responsabilização exige sempre conduta dolosa do agente no ato de abandonar.
Ação penal no abandono de incapaz
A ação penal nesse tipo de delito é pública incondicionada, ou seja, cabe ao Ministério Público promover a denúncia independentemente de representação da vítima ou de seus familiares.
Considerações finais
O abandono de incapaz é um crime que busca resguardar pessoas em estado de vulnerabilidade, como crianças, idosos ou pessoas com deficiência, contra a omissão de quem possui o dever legal ou contratual de cuidado.
Por isso, compreender os elementos do tipo penal, suas formas qualificadas e majoradas é essencial para advogados que atuam em defesa ou acusação.
O conteúdo desta página refere-se à legislação vigente no momento da publicação.
Artigos recomendados

Como Criar uma Petição com IA Agora Mesmo
Descubra como elaborar uma petição em minutos com o auxílio da inteligência artificial no guia completo da Lawdeck.

Giulia Soares
07 de fevereiro de 2025
5 min de leitura

O Que Significa Conclusos Para Despacho?
"Conclusos para despacho" é uma expressão jurídica que significa que o processo está aguardando a análise do juiz, que irá emitir uma decisão sobre o caso.

Giulia Soares
23 de dezembro de 2024
6 min de leitura

As 10 Melhores Plataformas Jurídicas em 2024
Com o avanço da inteligência artificial, novas plataformas surgiram para facilitar tarefas jurídicas. Identificamos as mais promissoras para 2024, após pesquisa detalhada.

Aline Monteiro
28 de março de 2024
23 min de leitura